Com luz matinal registrei ao acaso o despertar com espanto desta criança na janela de sua casa, ao me olhar com a máquina fotográfica sobre si, como quem indagaria, - quem é ?. Assim surgiu também o meu despertar com a comunidade de Paraisópolis.
Em meados de 1995, ao abastecer meu carro no posto de gasolina, enxerguei pelo terreno vizinho a amplitude do vale desta imensa comunidade. Até então, estava quase sempre focado pelo centro da cidade de São Paulo. Suspirei com a realidade popular a minha frente e desci a pé pelos caminhos de barro entre os morados, observavam sem constrangimento a presença da fotografia, mesmo sem serem habituados a mesma, e num destes instantes captei o despertar da menina na janela, da mesma forma do meu despertar com Paraisópolis. Prossegui durante anos colecionando imagens dignas do cotidiano da comunidade.
"..tem que ter desejo para realizar e se dispor ao acaso, compensara sempre .."