Estava sentado em transito no aeroporto de Detroit, e ao meu lado, um senhor sentado acobertado com um poncho longo de lã cinza sobre o corpo com à vista das suas botas bicudas texanas, e na cabeça usava um chapéu texano de qualidade, com duas abas largas bem curvas. Fixei o olhar no personagem e lhe perguntei, educadamente: “Quem é o senhor?”. Creio que entendeu a abordagem, pois a minha identidade era de fácil identificação: eu vestia a jaqueta de fotógrafo. Começamos a dialogar. Ele se apresentou como americano, casado com mexicana, retornando ao México, onde residiam. Disse, amo o México, enfatizando “O México tem caráter!”. O que marcou nosso encontro e nos despedimos.
Meses depois lembrei deste dialogo pela falta de caráter de um conhecido, então procurei encontrar o mencionado caráter na cidade do México. Preparei-me com a leitura de Diego Rivera e outros Muralistas mexicanos e parti.
Pois bem, ao atravessar um parque, encontrei nesta senhora trabalhadora, acobertada pela lona da barraca e com suas roupas típicas, e logo notei nas suas mãos a força do trabalho, havia neste conjunto o caráter mencionado...
."..me deu a imagem em silencio e continuou em silêncio, eu no meu silencio havia convencido de ter encontrado o personagem que procurava, e com a lembrança do expressionista de Candido Portinari..."